sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dualidade

É como se existissem duas pessoas em um mesmo corpo, em uma única alma. Uma ama, compreende, perdoa. A outra é egoísta, possessiva, atormentada. Uma quer sempre sorrir, consegue extrair da vida, tudo o que há de melhor, ainda que o ruim, se faça notável em muitos momentos, ela só absorve os bons. Ela vê beleza em tudo, no céu, na estrelas, nos olhos de quem mira os seus. A outra nada absorve, ao contrário, expele tudo o que tem de menor dentro de si; se esconde do mundo, foge do seu "eu", finge nada saber. Uma ama serenamente; como a noite ama as estrelas e as estrelas amam a noite, estas ainda mais, porque sem o escuro, não poderiam cintilar. ama como elas. Ama, como o orvalho ama a folha que a ampara na madrugada fria. Quer ser feliz; busca a qualquer custo a felicidade interior. A outra ama com paixão, com fogo, com medo; como um vulcão em erupção; como um vendaval, inconsequente e devastador. Uma está aberta ao amor, à vida; semeia sorrisos por onde passa. ilumina com seus olhos reluzentes de alegria em estar presente. A outra se fecha em segredos, em mistérios absurdos, em crises existenciais. Há sempre algo incomodando-a. nos olhos há sempre o ponto de interrogação, de quem procura respostas. Não obstante, nunca consegue ouvi-las; porque se ensurdeceu e sentenciou-se a viver assim, sem esperança, sem fé. seguem assim, caminhos opostos, dentro do próprio ser; Uma vive a outra padece.